A ausência

“O silêncio eterno desses espaços infinitos me apavora”
Pascal, “Pensamentos”.

Se é o eterno deste silêncio
que te apavora, Pasqualino,
imagine então as explosões
de fúria que me rondam da maneira
mais calma possível.
Oro para alguém me dar alento,
mas este ficou preso
no espaço infinito de alguma
alfandega da eternidade.
O problema de crer
é que a recompensa é difícil,
a redenção chega por linhas tortas
e quando se pensa que alcançamos
alguma graça — descobrimos então
o que nos falta no meio do caminho.