De Magistro
As palavras são os instrumentos
com os quais acreditávamos ter a realidade,
para explicá-la e lembrá-la
como um sinal que vive por si mesmo.
Mas o sinal que deveria ser uma palavra
é também um gesto ou um ato sem significado aparente.
Nem sempre um sinal é uma palavra,
e nem sempre uma palavra dá nome à realidade.
Sinais, palavras, gestos — tudo é vácuo puro,
se não soubermos nos firmar no duro chão do real.
Ele não depende da palavra,
e também não se explica pelos sinais das palavras.
Há algo mais nesta realidade que nenhuma palavra
apreenderá e que é necessário acreditarmos para entender.
Não se encontra em lugar algum,
exceto nas câmaras secretas do coração
onde o verdadeiro Mestre
nos incita a baixar a cabeça
e concluirmos que, na verdade, nunca ensinamos
os outros e aprendemos somente
com o eterno.