Maná
1 min readMar 11, 2020
Depois de meses de peregrinação
no deserto de cores brancas
a irritar os olhos e a secar a boca
no meio de uma fome devoradora
de esperas sem retorno sem realização
alguém me joga o maná
doce saboroso e raro
tomo dele aos poucos degustando
de três em três dias esse pão
essa luz — tenra luz agora
amarga depois se acharem
nenhuma lealdade ao propósito
de ver as fraturas da alma
em vez de cantar as alegrias
dos ossos secos da civilização.