Tecido

Martim Vasques da Cunha
1 min readNov 23, 2017

--

I

Há histórias.
E elas devem ser contadas.
Muito bem contadas.
De todas as formas
possíveis.
(Linhas aqui e ali,
alinhadas à toa —
aparentemente –,
uma teia
tramadas em idas
e voltas,
entrecruzadas,
cruzando a
lã de uma
História?)
Pois a impossibilidade
de se contar
uma nova história
é rara.

(a comprovação? está no
cíclico, repetente tecer da
História)

II

As histórias só existem nas trevas
e na História
devem ficar.

A pergunta ilumina várias outras:
quem será tal historiador?
(artesão fabricante de
um raro artesanato,
sem furos de costura,
sem fios desfiados)
Deus?
Seu irmão, o Destino?
Esta sombra — o Homem?

(ou a história escreve
a si própria
na História?)

Apesar das letras iniciais
mudarem,
ambas sempre terão
o mesmo fim:
serem contadas.

III

Logo, se a História é
uma história dentro de si mesma,
dentro de uma
outra História,
(eis a pergunta
tecida, escondida,
nesse poema)
será a vida
uma sombra
de todos nós?

--

--

Martim Vasques da Cunha
Martim Vasques da Cunha

Written by Martim Vasques da Cunha

“My task which I am trying to achieve is, by the power of the written word, to make you hear, to make you feel — it is, before all, to make you see”. J. Conrad

No responses yet