Tecido
I
Há histórias.
E elas devem ser contadas.
Muito bem contadas.
De todas as formas
possíveis.
(Linhas aqui e ali,
alinhadas à toa —
aparentemente –,
uma teia
tramadas em idas
e voltas,
entrecruzadas,
cruzando a
lã de uma
História?)
Pois a impossibilidade
de se contar
uma nova história
é rara.
(a comprovação? está no
cíclico, repetente tecer da
História)
II
As histórias só existem nas trevas
e na História
devem ficar.
A pergunta ilumina várias outras:
quem será tal historiador?
(artesão fabricante de
um raro artesanato,
sem furos de costura,
sem fios desfiados)
Deus?
Seu irmão, o Destino?
Esta sombra — o Homem?
(ou a história escreve
a si própria
na História?)
Apesar das letras iniciais
mudarem,
ambas sempre terão
o mesmo fim:
serem contadas.
III
Logo, se a História é
uma história dentro de si mesma,
dentro de uma
outra História,
(eis a pergunta
tecida, escondida,
nesse poema)
será a vida
uma sombra
de todos nós?